"A alma de Deus, pode bem aparecer dentro dos olhos de um gato".

(Provérbio Celta)

domingo, maio 21, 2006

O ENORME GATO AZÚL

(Factos verdadeiros?… Humm... talvez SIM…)?

Era uma vez um Enorme Gato Azul (de facto a sua cor é cinza prata, mas tecnicamente chama-se azul), que vivia num apartamento com a sua dona…

Todas as manhãs logo cedo, era mimado e alimentado antes de ela sair para o emprego, depois ficava na calma do apartamento todo o dia a meditar, e a dormir…

Tinha tido uma infância feliz numa enorme casa algures no sopé da serra. Na altura vivia com outra mulher e um rapaz e eram felizes os três, depois o rapaz foi estudar para o estrangeiro e ficou com a dona naquele enorme casarão.

Naquele verão, a dona decidiu ír de férias para longe e, como o amor que tinha por este Enorme Gato Azul era muito, ela decidiu levá-lo.

Durante a viagem o Enorme Gato Azul apercebeu-se que algo de anormal tinha acontecido, pois a dona saiu do carro e esteve imenso tempo na rua a mexer nas rodas com a ajuda de um desconhecido…

Dentro do carro, o Enorme Gato Azul estava cheio de calor, cheio de sede, assustado… começou a tentar abrir a caixa de plástico que fora comprada para se conforto, e com perícia conseguiu…

A ideia do enorme Gato azul era refrescar-se, saír dali… Mal a dona abriu a porta do carro, o Enorme Gato Azul saiu a correr e viu-se de repente num lugar estranho, assustador, com as patas no asfalto escaldante… carros que passavam com muita velocidade e os gritos da amada dona, a única coisa conhecida por ali… mas… continuava a correr, conseguiu ver uma mancha verde do outro lado da estrada, atravessou a correr e só parou no meio da mata, desidratado, cansado, assustado e … Estava só…

Naquele dia e nos seguintes os Enorme Gato Azul habituado que estava ao conforto e amor ficou ali parado no mesmo sítio, sem se mexer…sem conseguir raciocinar. Porem, a fome e a sede despertaram o seu instinto e foi procurar comida, água, mas nada… andou, andou… na noite, mais fresca, naquele verão escaldante, chegou a uma estrada e atravessou-a, no entanto, a meio apareceram-lhe dois enormes olhos de monstro luminosos que se aproximavam a uma velocidade vertiginosa, pareciam um GIAGANTESCO GATO que o iria caçar , paralisado com o medo, ouviu um enorme chiado e numa pancada foi projectado para longe, para o outro lado da estrada.

Com dores numa das patas traseiras e a sangrar do nariz o Enorme Gato Azul, sentiu que o mundo dele tinha desabado… A coxear descobriu um buraco e lá esteve tentando apaziguar as dores com o ronronar e pensando no passado…

Alguns dias depois o Enorme Gato Azul já não tinha tantas dores, e estava faminto e sedento, devagar saiu do esconderijo a cambalear, estava fraco, magro e morreria caso não encontrasse comida e água. Tentou apurar o olfacto do nariz ferido e cheirou qualquer coisa, outros gatos, comida… aproximou-se de um grupo da sua espécie e tentou chegar a comida e água, o líder viu o seu estado miserável: já não era enorme e nem era azul, estava magro e cor de poeira. Depois de o terem deixado comer aquela comida azeda pelo calor e a água quente do sol… os outros aproximaram-se bateram-lhe e expulsaram-no dali e ele foi… O Enorme Gato Azul tinha-se transformado n Gato Esquelético e Fedorento, e conhecia agora, a tristeza dos maus-tratos e do abandono… da infelicidade.

A partir dali, passou a ír comer os restos dos restos, a não se aproximar a manter-se longe da colónia.

Aproximava-se dos humanos que lá colocavam a comida a “pedir” para o tirarem dali. O Gato Esquelético e Fedorento mendigava um carinho ronronando aos transeuntes, mendigava comida para poder comer, mas todos tinham nojo dele, tinham medo de doenças… já ninguém o amava como a sua dona… e esta não estava ali…

Naquele dia passou um homem moreno, que gesticulava e falava ao telemóvel, quando desligou … parou ali mesmo á frente dele a colocar o telemóvel na pasta… O Gato Esquelético e Fedorento aproximou-se dele e já sem esperança “falou-lhe” na sua linguagem de gato tantas vezes mendigada e tantas vezes não compreendida “leva-me contigo” … esfregou-se nas pernas do anónimo transeunte e este olhou-o… não como se olha para algo indiferente e… falou-lhe… palavras dirigidas a ele, a ele ao Gato Esquelético e Fedorento … acariciou-lhe o pêlo sujo e áspero e tirou de novo o telemóvel da pasta e fez uma chamada, olho aquele ser indefeso e… depois foi-se embora…

O Gato Esquelético e Fedorento, voltou para o seu deprimente local afastado da colónia e ali se manteve imóvel, triste de olhar abatido… sem esperança nos humqnos, no mundo…

Mas, Uns minutos depois, o transeunte voltou e chamou-o como a sua adorada dona costumava fazer e ele, o Gato Esquelético e Fedorento aproximou-se dele e foi apanhado e colocado dentro de um saco… O Gato Esquelético e Fedorento estava a ser levado… a esperança renasceu no seu coração quando entrou num prédio, num elevador e numa casa, NUMA CASA!!!!

Do outro lado da porta estava ela, limpa, cheirosa de voz agradável… O Gato Esquelético e Fedorento foi enfiado dentro da banheira, mas não se importou e também não se importou quando foi secado com o secador…

E a comida??? Oh, a comida!!! A água fresca… uma cama só para ele… Nem mesmo o facto da parva d veterinário o ter magoado na pata doente o aborreceu assim muito porque ESTAVA EM CASA…

Em poucas semanas voltou a ser o Enorme Gato Azul… e neste pensamento ele ficava durante o dia quando estava sozinho no apartamento, enquanto a dona estava ausente. E que alegria quando ela regressava!!!

Depois do jantar, deitava-se a relaxar no colo dela, enquanto ela via o reality show (sucesso na altura), para depois se ír deitar na cama junto dela … a sua salvadora, a sua amada dona… a sua mãe…


O Enorme Gato Azul estava em casa feliz… e amado.

(Testemunho do meu Enorme Gato Azul Bruno)

1 comentário:

Raquel disse...

Pobre Bruno... Mas tudo está bem quando acaba bem, verdade?